ESCOLA PREPARATÓRIA DE CADETES DO AR – BARBACENA – MG

ALERJ 

A Escola Preparatória de Cadetes do Ar, inicialmente denominada Curso Preparatório de Cadetes do Ar, tem suas origens, no final da década de quarenta do século passado, no Campo dos Afonsos no Rio de Janeiro, considerado o Berço da Aviação Militar Brasileira. Foi lá, na Escola de Aeronáutica, que germinou a idéia de se fundar um curso que melhor preparasse os futuros cadetes da recém criada Força Aérea Brasileira. 

Ao longo dos anos quarenta, a Escola de Aeronáutica empenhava-se em aumentar o número de Aspirantes-a-Oficial-Aviador, buscando atender à rápida expansão experimentada pelo novo Ministério da Aeronáutica. 

O contexto mundial era favorável em virtude do crescimento vertiginoso do poder aéreo, impulsionado pelas 1ª e 2ª Guerras Mundiais. A nova arma militar - o avião – exigia homens treinados para manejá-la, ao mesmo tempo em que exercia verdadeiro fascínio sobre os jovens, estimulados, em nível nacional, pela participação do recém-criado 1° Grupo de Aviação de Caça, na Campanha da Itália. 

Em 28 de março de 1949, o Presidente da República, Exmo. General-de-Exército Eurico Gaspar Dutra, através do Decreto n°. 26.514, criou o Curso Preparatório de Cadetes do Ar, resultado da transferência do “Curso Prévio da Aeronáutica” até então ministrado no Campo dos Afonsos. 

A nova instituição iniciou suas atividades, provisoriamente, na Escola Técnica de Aviação, em São Paulo, com 201 alunos (1ª Turma), em 28 de abril de 1949. Esses alunos foram transferidos, em 29 de julho, para as instalações em Barbacena, especificamente incorporadas ao Ministério da Aeronáutica, para abrigar a futura escola. 

Na cabeceira do Rio das Mortes localizava-se uma aldeia de índios Puris, oriundos da nação Tupi. Portugueses e paulistas ali se estabeleceram, dedicando-se a princípio à mineração e depois à lavoura e criação de gado. Esta aldeia, nos tempos coloniais, passou a chamar-se Arraial da Nossa Senhora da Borda do Campolide. 

A Fazenda da Borda do Campo, localizada no município de Antônio Carlos, foi o primeiro núcleo de povoação que deu origem à cidade de Barbacena. A comunidade cristã “Freguesia de Nossa Senhora da Piedade da Borda do Campo”, criada em 1725, funcionou na sede provisória da Capela da Borda do Campo até 1730, data em que passou a Matriz a Capela de Nossa Senhora do Pilar do Registro Velho. 

Em 1728 foi escolhido o sítio da nova igreja, atual Matriz de Barbacena, que foi concluída em 1764. A Matriz foi logo cercada de construção de casas. Aos poucos se formou ao seu redor o Arraial da Igreja Nova, com localização vantajosa para o comércio, pois ficava no entroncamento do Caminho Novo com o Velho. Esses dois caminhos colocavam Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso em comunicação com o Rio de Janeiro. 

As tropas cruzavam por esses caminhos diariamente, fazendo pouso no Arraial da Igreja Nova. Isso que fez com que terminasse sendo elevado à categoria de Vila pelo Governador da Capitania, o Visconde de Barbacena, o qual conferiu-lhe o seu título nobiliárquico que prevaleceu quando foi transformada de Vila em Cidade, em 9 de março de 1840, passando a ser chamada de “muito nobre e leal cidade de Barbacena”. Esse título foi-lhe conferido em virtude de sua participação no episódio do “Fico”, quando D.Pedro I se viu pressionado pelas Cortes de Portugal. 

No episódio da Inconfidência Mineira não foi menor a sua influência. Entre os 24 Inconfidentes, vários eram barbacenenses e outros estavam radicados na cidade. Talvez por isso tenha sido escolhida para receber uma parte do corpo esquartejado de Tiradentes, seu braço direito, como advertência aos que se revoltassem contra o governo. 

Barbacena está localizada no alto da serra da Mantiqueira, a 1.160 m de altitude. É a porta de entrada da Minas histórica, onde o barroco começa nas obras arquitetônicas do século XVIII. A partir da cidade é fácil o acesso às demais, onde predomina a arte barroca: Tiradentes, São João Del Rei, Congonhas do Campo, Ouro Preto e Mariana. 

Sua área compreende 717 Km² situando-se em uma região de planaltos. Barbacena possui cerca de 150 mil habitantes, sendo que 80% deles residem na área urbana do município. Seu clima é subtropical, com temperaturas que oscilam entre 12° e 28°. 

A tradição da Escola Preparatória de Cadetes do Ar, no que diz respeito ao ensino, encontra raízes no século XIX. Em 1874, o barbacenense Padre João Ferreira de Castro e o também sacerdote Marcelino José Ferreira inauguraram o Colégio Providência nas instalações hoje ocupadas pela EPCAR. 

Pouco depois de sua implantação, em 1883, o Colégio Providência foi adquirido pelo famoso educador brasileiro Abílio César Borges, o Barão de Macaúbas, idealista fundador de colégios que se transferira para Barbacena por motivos de saúde. O professor baiano, que tivera como alunos Castro Alves e Rui Barbosa, ali instalou então uma filial do Colégio Abílio, dando continuidade a uma carreira de grandes serviços prestados ao nosso país em matéria de educação. 

Com o afastamento do Barão de Macaúbas, um grupo de barbacenenses, tendo à frente Belisário Pena, Visconde de Carandaí, fundou a “Sociedade Educadora Mineira”, que se dispôs a conservar aquele colégio, que retomava a sua antiga denominação de Colégio Providência e voltava a conhecer a atuação de seu primitivo fundador. 

Em 1890, os prédios e o terreno do colégio foram doados ao Governo do Estado de Minas Gerais para a instalação do Ginásio Mineiro, criado através do Decreto n°. 260, de 1° de dezembro daquele ano, pelo então governador do Estado Chrispim Jacques Bias Fortes. Tratava-se de um importante estabelecimento oficial de ensino, o segundo criado no Estado de Minas Gerais, “tendo por finalidade preparar a mocidade para as matrículas nos cursos superiores da República”. 

O Ginásio Mineiro funcionou no local em que foi fundado até o início do ano de 1913. Nesse ano prédios e terreno foram transferidos para o Governo Federal para a instalação de um colégio militar. É que o Governo, que já mantinha um colégio militar no Norte e outro no Sul do país deliberou criar um outro mais ao centro, escolhendo para isso, Barbacena. 

O dia 18 de agosto de 1913 marcou o início do funcionamento do Colégio Militar de Barbacena, que granjeou rapidamente a reputação de educandário eficiente e notável. Em Barbacena permaneceu ele por dez anos, sendo transferido em 1923 para o Rio de Janeiro. 

Com a transferência do Colégio Militar para a Capital da República, o Ginásio Mineiro, que durante aquela época se instalara em um prédio mais ao centro da cidade, voltou à sua primeira localização, ali permanecendo até 1949, tendo sido, em 1943, transformado no Colégio Estadual de Barbacena. 

Finalmente, em 1949, o Ministério da Aeronáutica resolveu levar aqueles que buscavam a carreira aeronáutica para Barbacena, instalando-os no já tradicional e quase centenário casarão debruçado sobre a via férrea que une o Rio de Janeiro a Belo Horizonte. 

No dia 28 de março daquele ano, o então Presidente da República, Exmo. Sr. General-de-Exército Eurico Gaspar Dutra, criou, pelo Decreto n°. 26.514, o Curso Preparatório de Cadetes do Ar. Ocupava a pasta da Aeronáutica o Tenente-Brigadeiro do Ar Armando Figueira Trompowski de Almeida e o Diretor de Ensino era o Brigadeiro do Ar Antônio Guedez Muniz. 

A nova instituição iniciou suas atividades provisoriamente na Escola Técnica de Aviação, em São Paulo, no dia 28 de abril de 1949, com duzentos e um alunos. A 29 de julho chegou a Barbacena a primeira turma de alunos e a 02 de agosto o Curso passou a funcionar normalmente em sua nova sede. No entanto, em 1950, parte do ano letivo ainda teve que ser desenvolvido na Escola de Especialistas de Aeronáutica, em Guaratinguetá, a fim de permitir a recuperação e modernização das instalações que há quase cem anos serviam ao ensino. 

Finalmente, a 21 de maio de 1950, data na qual se comemora o aniversário da instituição, foi promulgada a Lei n°. 1.105/50, o Curso Preparatório é transformado em Escola Preparatória de Cadetes do Ar. Esta solução partiu das necessidades da Escola de Aeronáutica, no Campo dos Afonsos, que em 1948 resolveu aumentar o rigor na seleção de candidatos. Resultado: no concurso do final daquele ano, apenas um candidato foi aprovado. Este fato teve como conseqüência a decisão, já amplamente discutida pelo alto escalão, de criar uma organização militar similar às já existentes na Marinha e no Exército, que viesse a preparar adequadamente os candidatos a Cadetes do Ar.  

A Escola Preparatória de Cadetes do Ar destina prescipuamente a preparação dos futuros cadetes aviadores da Academia da Força Aérea. Para proporcionar um excelente curso das três séries do 2° grau, além da instrução militar, educação física, etc., a Escola dispõe de respeitável infra-estrutura que, numa área de 432.709 m², oferece: 

§               alfaiataria; posto bancário; agência dos Correios; lavanderia; sapataria; 30 salas de aula; 2 auditórios; cinema para 1.500 lugares; 9 laboratórios (biologia, química, física, línguas e informática); biblioteca com cerca de 19.000 volumes; hospital; serviço telefônico; ginásio poli-esportivo; estádio olímpico; capela; estande de tiro; refeitórios; lanchonete e alojamentos com capacidade para receber, por ano, até 1.000 alunos em regime de internato.

Com essa infra-estrutura a Escola Preparatória de Cadetes do Ar reúne condições para oferecer a seus alunos um curso de nível médio sem paralelo no contexto nacional. É importante ressaltar que, apesar de que sua função primordial seja a preparação para o ingresso no curso de oficiais aviadores da Academia da Força Aérea, cerca de 25% dos jovens que ali ingressam, seguem carreiras na vida civil. Tendo isso sob perspectiva a EPCAR, há 54 anos, preocupa-se não apenas com a instrução de futuros cadetes aviadores, mas também na capacitação de jovens brasileiros, não importando seu campo de atividade, seja na vida civil seja como militares. 

Dados estatísticos demonstram que um percentual elevado de alunos egressos da EPCAR, que por qualquer motivo decidam não prosseguir na carreira militar, são aprovados nos mais diversos vestibulares das melhores Faculdades e Universidades do país, sem a necessidade de nenhum tipo de apoio extra-escola.

A Escola Preparatória de Cadetes do Ar reconhece que apenas homens dignos e honrados podem ser bons líderes, estejam em que atividades estiverem, e a dignidade vem do conhecimento e a honradez do exemplo, dois pontos básicos da filosofia implantada na escola através de seus Valores Fundamentais:

            “Dignidade acima de tudo. Servir por ideal. Aprender para liderar”.

A vida do aluno da EPCAR é pautada pelo seguinte código de honra: 

“Nós não faltaremos com a verdade, não nos apropriaremos indevidamente de bens alheios e não buscaremos obter vantagens impróprias, assim como não aceitaremos entre nós quem assim proceda”. 

Tendo por base esse Código de Honra a Escola Preparatória de Cadetes do Ar vem, há 54 anos educando não apenas futuros oficiais aviadores, mas sim e principalmente formando jovens, dos mais variados rincões do país, das mais variadas camadas sociais, independente de sua raça ou crença religiosa, em brasileiros capazes ao pleno exercício da cidadania.