LUTO NA UFOLOGIA E NAS ATIVIDADES ESPACIAIS NO BRASIL

 

            Na madrugada do dia 21 de Setembro de 2008, Basílio Baranoff dá o seu último suspiro.

            O Capitão Baranoff, como ficou conhecido dos ufólogos mais antigos, elaborou um excelente trabalho documental escrito sobre aquele que ficou conhecido como “A noite oficial dos UFOs”, quando em maio de 1986, uma revoado de 21 (vinte e um) UFOs, povoou os céus do Vale do Paraíba, entre o Rio e São Paulo, com ênfase na cidade de São José dos Campos.

            Esse documento, fonte primária para diversos artigos de renomados pesquisadores como Marco Antonio Petit, Ademar J. Gevaerd e outros, foi produzido a partir de uma instigante análise do fenômeno, em cima de entrevista de militares e civis, logo após os ocorridos, deixado por Baranoff.

            O Capitão Baranoff, a partir daí, proferiu palestras, participou de simpósios e deu entrevistas à imprensa falada e escrita. Eu mesmo o levei a Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga, quando no ano de 1986, falou sobre o assunto aos cadetes da Aeronáutica.

            O desaparecimento de Basílio Baranoff criou, no meio ufológico, a ausência de um saber multifacetado entre a fenomenologia dos discos voadores e as atividades espaciais.

            Neste último aspecto, foi um verdadeiro entusiasta.

            Serviu no Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento (IPD), no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), todos subordinados ao Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA).

            Quando instrutor da Escola Preparatória de Cadetes do AR (EPCAR), criou o Clube de Estudos de Foguetes, o Clube de Astronomia e o Clube de Estudos da Exploração Espacial, envolvendo e estimulando professores e alunos para a atividade espacial.

            No CTA, Baranoff integrou o grupo para a implantação do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, foi Coordenador Técnico-Administrativo do Projeto Radiociência, participou da montagem da sonda ionosférica de VLF-37 KHZ, participou da criação do Memorial Aeroespacial Brasileiro (MAB), organizou e coordenou o Núcleo de Atividades Espaciais Educativas (NAEE), cujo objetivo era transferir os benefícios da exploração do espaço para a educação, nas áreas de Astronomia e Astronáutica.

            Sua qualificação acadêmica em ciência aeroespacial é digna de realce. Recebeu o certificado de rastreamento de foguetes com radar e telemetria fornecido pela National And Space Administration (NASA), noções básicas para o treinamento de astronautas, ministrado por cosmonautas e cientistas soviéticos, na Divisão de Ensaios em Vôo (AEV) do CTA, sua formação como Oficial Especialista da Aeronáutica foi na área de Eletrônica e Telecomunicações.

            Por falar fluentemente a Língua Russa, participou de diversas missões em Moscou, visitando várias organizações e universidades ligadas ao trato das atividades do espaço. Na Cidade das Estrelas (Star City) relacionou-se com cosmonautas russos e astronautas americanos que voaram na Estação MIR e continuam voando na International Space Station (ISS). Esse relacionamento facilitava a reciprocidade de Baranoff com esses homens do espaço, permitindo trazer alguns deles ao Brasil, como foi o caso da vinda do cosmonauta russo Alexander Lazutkin ao I Fórum Mundial de Ciência e Espiritualidade, em Brasília, no ano 2000, promovido pela Legião da Boa Vontade (LBV).

            Graças ao Capitão Baranoff, consegui levar o nosso Astronauta Marcos Pontes à Escola Superior de Guerra (ESG), em 2006, e, mais recentemente, em maio de 2008, facilitei a sua vinda ao 11º Diálogo com o Universo, ocorrido em Curitiba, promovido pelo Núcleo de Pesquisas Ufológico (NPU), sob a coordenação do pesquisador Rafael Cury.

            O esforço do Capitão Baranoff propiciou uma galeria, no Memorial Aeroespacial Brasileiro, para o nosso Astronauta, registrando o feito desse herói brasileiro na conquista espacial. Ao comunicar a morte do amigo Baranoff ao Ten. Cel. Av. Marcos Pontes, este registrou, através de e-mail, para mim, o seu pesar e lamentou dizendo que o “Brasil perdia um grande homem”.

            O câncer que o acometia há alguns anos fê-lo se afastar da Consultoria da Revista UFO, título que o orgulhava muito.

            Desde o lançamento do Sputnik, em 1957, Baranoff começou a se interessar por vida inteligente no universo, levando a vivências transdimensionais neste campo, dosando o seu conhecimento de homem de ciência, com experiência extra-física.

            A vida de Baranoff ombreia a de outros homens de ciência, como foi a do General Alfredo Moacyr de Mendonça Uchoa, do Astrônomo Carl Sagan, do Físico J. Allen Hynek e de tantos outros, cujas trajetórias na Terra, não se omitiram em correlacionar o saber científico com a fenomenologia dos discos voadores, o que contribuiu, sobremaneira, para a corroboração do assunto ser tratado com seriedade.

            O Memorial Aeroespacial Brasileiro no CTA, segundo a sua Direção, manterá uma mostra de tudo aquilo que Basílio Baranoff fez pela atividade espacial no Brasil. A Revista UFO, através desta lavra, também o homenageia na condição de disseminador e pesquisador da vida exobiológica.

            A madrugada do último dia 21 de Setembro acenou o início da primavera de 2008, mas também simbolizou a abertura do portal transdimensional para um gigante de nome Basílio Baranoff, cuja vida digna de chefe de família, aliou-se ao espírito inquietante para compreender os mistérios do espaço sideral, através do misto dos saberes científico-tecnológico e ufológico.

            Ao sempre amigo Capitão Basílio Baranoff, ao render minhas homenagens, neste momento que você se afasta do nosso convívio, sei que represento o sentimento de todos que conviveram com você na nossa querida Força Aérea e dos que o ladearam na significativa comunidade ufológica brasileira. 

            Vá em frente, pois novos patamares dimensionais o aguardam

 

Antonio Celente Videira

Coronel Intendente da Reserva da Aeronáutica, membro do Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra (ESG). 

e-mail: acelente@terra.com.br